Para garantir a sobrevivência, mesmo em condições de escassez de nutrientes, os mamíferos são capazes de estocar o excesso de calorias consumidas e não requisitadas, para suprir suas necessidades metabólicas imediatas. O tecido adiposo é o principal reservatório enegético do organismo, e nos mamíferos existem duas variedades dele: o branco e o marrom. Hoje iremos falar um pouco desse segundo tecido, o marrom, e como ele promove a termogênese (produção de calor nos seres vivos).
Como tudo em biologia tem mais de um nome, esse tecido também não poderia fugir da regra, aqui vamos chamá-lo de tecido adiposo marrom, porém ele também pode ser chamado de tecido adiposo pardo, ou multilocular. Alguns desses nomes são pelo o motivo de ele apresentar uma coloração mais escurecida, devido as numerosas mitocôndrias presentes em suas células. Ao contrário do branco, que é encontrado em quase todo o corpo humano, ele está praticamente ausente em adultos, sendo encontrado apenas em áreas restritas de fetos humanos e recém-nascidos. “ Não há neoformação de tecido adiposo multilocular após o nascimento nem ocorre transformação de um tipo de tecido adiposo em outro” (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 1999, p. 103). Já em animais que hibernam ele é abundante.
A especialidade do tecido adiposo marrom é a produção de calor, e portanto, ele participa ativamente em situações que necessitem de uma regulação da temperatura corporal. Quando ocorre a necessidade de aumentar a taxa de produção de calor, um sinal é enviado via sistema nervoso até o tecido, e como as mitocôndrias presentes nele não possuem o complexo enzimático necessário para a síntese de ATP, elas acabam utilizando a energia liberada pela oxidação de metabólitos, principalmente ácidos graxos para gerar calor. Este processo ocorre porque a proteína desacopladora termogenina, é uma proteína da membrana mitocondrial interna do tecido adiposo marrom que descarrega a energia gerada pelo acúmulo de prótons no espaço intermembranoso das mitocôndrias, durante as reações oxidativas do Ciclo de Krebs. Esta ação desvia esses prótons e impede a síntese de ATP, permitindo que a energia estocada na mitocôndria se dissipe em calor, que aquece o sangue contido na extensa rede capilar presente no tecido adiposo marrom e é distribuído para todo o corpo, aquecendo os diversos órgãos.
Nos animais que hibernam, este tecido é importante em toda as fases da hibernação, mas é no despertar que ele tem sua maior importância fisiológica, funcionando como um “acendedor” dos outros tecidos, por distribuir para estes o sangue aquecido. Já no homem, sua importãncia esta restrita aos primeiros meses de vida, protegendo o recém nascido contra o frio escessivo.
REFERÊNCIAS:
FONSECA-ALANIZ, Miriam H.; TAKADA, Julie; ALONSO-VALE, Maria Isabel C.; LIMA, Fabio Bessa; O Tecido Adiposo Como Centro Regulador do Metabolismo. Arq Bras Endocrinol Metab, vol 50 nº 2, Abril 2006.
JUNQUEIRA, Luiz C. ; CARNEIRO, José. Histologia Básica. 9° ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A.1999.
MURRAY, Robert K.; GRANNER, Daryl K.; RODWELL, Victor W.; Bioquímica ilustrada. 27° ed.
Imagem: www.sistemanervoso.com/index.php
Bruna Sousa, Mayara e Augusto
5 comentários:
A ideia dessa postagem foi em uma aula de bioquímica e da eletiva no qual a professora deu um exemplo do urso, que hiberna e utiliza essa energia armazenada nesse tecido.
Pessoal, faltou a referencia da figura, ok?
Mas tem a referencia da figura...Imagem
se escreve "excessivo" e não "escessivo"
Seria interessante colocar o nome completo dos autores desta postagem, assim dá para usar como uma referencia também.
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