domingo, 1 de maio de 2011

Madeira que cupim não rói

Vimos este semestre o funcionamento de proteínas e enzimas, e achei uma reportagem bastante interessante que mostra a importância da proteína lectina para a árvore aroeira-do-sertão.


Pesquisadores mostram que a resistência da aroeira-do-sertão ao ataque de cupins deve-se à ação de uma proteína presente na planta que é letal para esses insetos. A descoberta pode levar ao desenvolvimento de inseticidas orgânicos, menos prejudiciais ao ambiente.



Muito usada na construção civil, a aroeira-do-sertão é conhecida por sua qualidade e grande resistência ao ataque de cupins. Essa ‘imunidade’ é atribuída à lectina, proteína presente em diversos organismos e que, nesse caso, funciona como um inseticida natural. Agora um estudo desenvolvido na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) desvenda os mecanismos desse efeito cupinicida, que resulta de um conjunto de ações da proteína no sistema orgânico dos insetos.

“Descobrimos que, mesmo depois de ingerida, a lectina permanece ativa no intestino dos cupins, o que comprova sua resistência às enzimas que digerem proteínas consumidas por insetos”, afirma a bioquímica Patrícia Paiva, líder da pesquisa. Segundo ela, a lectina interage com carboidratos presentes no aparelho digestivo dos cupins, o que impede a digestão e absorção de nutrientes pelo inseto e leva a sua morte.

Além disso, os pesquisadores atribuíram à lectina a capacidade de matar bactérias intestinais, responsáveis pela produção de enzimas que quebram celulose. “Sem a ação dessas enzimas digestivas, os cupins morrem”, acrescenta a bioquímica.


Testes bem-sucedidos

Além de investigar a ação da lectina, o estudo buscava comprovar que a proteína está ativa na madeira da aroeira. Para isso, cupins da espécie Nasutitermes corniger foram colocados em contato com soluções líquidas com diferentes quantidades de lectina extraída do tronco da árvore. Depois, a equipe monitorou a sobrevivência dos insetos diariamente.

“O resultado nos surpreendeu, porque a madeira é considerada um tecido morto na planta, mas, ainda assim, existiam ali lectinas bioativas desempenhando atividade cupinicida”, destaca Paiva.

Nessa primeira fase do estudo, realizada entre 2004 e 2008, os testes foram bem-sucedidos: 100% dos cupins soldados morreram após um período de cinco a sete dias. Já os cupins operários demoraram um pouco mais, entre oito a dez dias. “Esse efeito diferenciado pode estar relacionado a diferenças biológicas entre as castas”, supõe a bioquímica.

Segundo ela, a pequena variação no tempo necessário para matar todos os cupins de uma mesma casta está diretamente ligada à quantidade de lectina aplicada na solução líquida. Os pesquisadores ainda descobriram que a proteína também está presente nas folhas e na entrecasca da planta. Os estudos mostraram que a lectina presente na madeira é mais eficaz que a das folhas, que por sua vez é mais eficaz que a da entrecasca.


Fonte: http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/2011/03/madeira-que-cupim-nao-roi/?searchterm=Madeira%20que%20cupim%20n%C3%A3o%20r%C3%B3i

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