sábado, 29 de outubro de 2011

COMO SÃO FEITAS AS ROLHAS?

Como vimos em nossas aulas de Anatomia Vegetal, a periderme (figura 1) é um tecido de proteção e cicatrização que se desenvolve nas plantas. É esse tecido que substitui a epiderme nos órgãos em crescimento secundário (em espessura) ou em superfícies expostas por necrose, ataque de parasitas ou abscisão de folhas, galhos e frutos. A periderme pode apresentar, também, características estruturais que podem conferir maior ou menor grau de adaptação da planta às condições do ambiente.

É a partir da periderme do sobreiro (Quercus súber L. – Fagaceae – figura 2), nativo da região Mediterrânea que obtém-se a cortiça, matéria-prima da rolha. Quando o sobreiro atinge cerca de 20 anos, é retirada a primeira camada de cortiça, denominada cortiça virgem. Porém, apenas quando a árvore atingir 40 anos é que são feitas retiradas da cortiça. Após essa coleta, o felema produzido somente estará espesso o suficiente em dez anos. De acordo com o engenheiro florestal João Santos, da Universidade de Lisboa, essa "colheita" só pode ser feita no verão, quando a casca está menos aderente ao tronco. "Em qualquer outro estágio é impossível removê-la", diz em uma entrevista dada à revista Super Interessante em abril de 2004.

A cortiça é retirada e cortada em forma de pranchas (figura 3) e precisa descansar durante seis meses para depois ser lavada. Em seguida, precisa ser cozida em água à 950ºC, após o banho, descansa mais alguns dias e pode receber o corte na forma cilíndrica e o nome de rolha. É feita uma análise da dimensão, porosidade e umidade da rolha por leitura óptica e retirada, manualmente, as peças defeituosas.

Em uma entrevista dada à revista Super Interessante em abril de 2004, Carlos de Jesus, diretor da empresa portuguesa Corticeira Amorim, maior fabricante de rolhas do mundo, afirma que "A cortiça que não passa no controle de qualidade é usada para fabricar desde peças para a indústria aeroespacial até guarda-chuvas".

A cortiça de reprodução só começa a ser produzida após a retirada da cortiça virgem e é obtida após o terceiro descortiçamento. Grande parte dessa cortiça de reprodução é consumida pela indústria de engarrafamento, enquanto a cortiça natural é utilizada em coletes salva-vidas, bóias e bolas de beisebol, de golfe e de hóquei (Appezzato-da-Glória; Carmello-Guerreiro, 2006).


Figura 1 – Periderme indicada pelo número 1.

Fonte: http://www.anatomiavegetal.ib.ufu.br/atlas/Perid.fig4.htm


Figura 2 - Sobreiro (Quercus suber L.)

Fonte: http://www.aguaonline.net/gca/?id=232

Figura 3 – Retirada da cortiça.

Fonte: http://www.cafeportugal.net/pages/dossier_artigo.aspx?id=812


Referências:

APEZZATO-DA-GLÓRIA, BEATRIZ; CARMELLO-GUERREIRO, SANDRA MARIA. Anatomia Vegetal. Viçosa: Editora UFV, 2006. 2 ed. p. 246.

PELICANO, SARA. Cortiça - Um contrato entre gerações. Disponível em: http://www.cafeportugal.net/pages/dossier_artigo.aspx?id=812. Acesso em: 28 out. 2011.

REVISTA SUPER INTERESSANTE. Como é feita a rolha? São Paulo: Abril, 2004. Ed. 199. Disponível em: http://super.abril.com.br/superarquivo/2004/conteudo_124440.shtm. Acesso em: 28 out. 2011.


Grupo: Diogo ALves, Marcelo Warys, Thaís Marques, Thayane Bueno, Tiago Souza

Um comentário:

Flávia disse...

Pessoal, o texto está bom, mas prestem atenção na hora de escrever os nomes científicos. Eles não têm acento.